A Polícia Civil conseguiu localizar nesta quarta-feira, 28/12, os corpos de José da Silva Câmara, 23 anos e Caio Henrique de Oliveira, 21 anos, que foram assassinados em Dourados-MS. As investigações foram conduzidas pela Seção de Investigações Gerais (SIG), do Núcleo Regional de Inteligência (NRI), da 1ª Delegacia de Polícia de Dourados. 7 pessoas envolvidas no crime foram presas.
De acordo com o apurado, no dia 26 de dezembro, por volta das 18 horas, a equipe SIG tomou conhecimento do desaparecimento das vítimas. Segundo o Boletim e Ocorrência (BO), o desaparecimento teria ocorrido na noite do dia 23 de dezembro de 2022, no bairro Estrela Porã.
De imediato foram iniciadas as investigações e no dia 27 a equipe SIG fez diversas buscas pelos desaparecidos com ajuda de populares, pois as informações eram que eles poderiam estar mortos já que fotos deles amarrados estavam circulando em aplicativos de mídias sociais. Foram realizadas diligências policiais em diversos pontos da cidade, mas nenhum vestígio dos desaparecidos foi encontrado, passando as equipes a trabalhar com a possibilidade de que eles ainda pudessem estar vivos e em cárcere privado.
Ainda na noite do dia 27, as equipes chegaram a duas pessoas que poderiam estar envolvidas no desaparecimento. Na manhã de ontem, 28/12, os policiais civis conseguiram localizar o local onde possivelmente teria sido o cativeiro dos desaparecidos, já que o imóvel que pertencia a um dos suspeitos era semelhante ao que as vítimas estavam quando tiveram suas fotos amarradas divulgadas, todavia o imóvel estava vazio.
Desse modo, iniciou-se uma ação intensa para localizar o homem que seria o dono do imóvel e poderia ter informações do fato, sendo que ainda às 11h do dia 28/12/22, o SIG levantou o endereço onde este suspeito e outros envolvidos estariam escondidos, uma residência na Rua Adroaldo Pizzini, no Jardim Água Boa, em Dourados. Foi feita a incursão no imóvel no afã de ainda localizar as vítimas com vida, no entanto no local foram localizadas 6 pessoas, sendo 4 homens e duas mulheres, mas nenhum sinal das vítimas.

Em buscas no local foram encontrados entorpecentes do tipo cocaína, prontos para comercialização; uma arma de fogo do tipo revólver inox, escondido embaixo da almofada do sofá da sala, municiado com 6 munições intactas; um estojo preto em cima do sofá com mais 27, além de uma pá, uma picareta e um foice, escondidas atrás de uma sofá jogado no terreno.
Durante as entrevistas, dois suspeitos acabaram confessando que os jovens estavam mortos e que o crime de homicídio teria ocorrido na madrugada do dia 24/12/22, logo após o sequestro dos jovens, sendo que a morte teria sido determinada por uma facção criminosa, bem como que todos os capturados ali eram integrantes da mesma organização. Os dois jovens que narraram participação direta no crime apontaram que, além das pessoas na residência que estavam todas envolvidas no crime, inclusive o mandante seria um dos homens capturados no imóvel, ainda havia uma sétima pessoa que teria ajudado a executar e enterrar os corpos dos jovens, indivíduo este que foi preso pela SIG na sequência.

Um dos criminosos indicou à equipe onde os corpos estavam ocultados, sendo numa região de Mata, 2km após o trevo de Laguna Carapã, na BR 463, do lado esquerdo da Rodovia sentido Dourados-MS Ponta Porã-MS. No local, com a ajuda do Corpo de Bombeiro e auxílio da Perícia Criminal, os dois corpos foram localizados, enterrados em uma cova rasa, sendo que ambos estavam com as mãos amarradas e com lesões similares as de armas de fogo pelo corpo, ainda com as roupas que estavam nas fotos que circularam amarrados.
Pelo estágio putrefeito dos corpos a Perícia Criminal indicou que eles foram mortos há mais de 4 dias, compatível com as informações repassadas pelos investigados. Devido ao estado putrefeito não foi possível precisar quantas lesões de armas de fogo cada uma teria em seu corpo, mas haviam lesões pelo corpo similares aos disparos, umas até mais protuberante que lesões de armas de fogo, indicando que eles possivelmente foram torturados.

Pelo contexto fático narrado, todos os envolvidos citados foram presos pelo crime de ocultação de cadáver, trafico, posse de arma de fogo, bem como foram indiciados como autores do crime de homicídio. Os fatos seguem investigados pela Polícia Civil.
Segundo policiais que investigam o duplo homicídio, José da Silva Câmara, 23, e Caio Henrique de Oliveira, 21, foram vítimas do chamado “tribunal do crime” após desentendimentos com integrante da facção. Entretanto, o julgamento teria ocorrido sem autorização da cúpula do PCC.
ENCONTRADOS MORTOS NA PED
Os dois presos encontrados mortos teriam sido assassinados por terminação do comando da facção, mas o envolvimento deles com as mortes dos rapazes ainda não está claro. Os sete envolvidos no duplo homicídio presos ontem (cinco homens e duas mulheres), estão recolhidos em celas da 1ª Delegacia de Polícia. Portanto no final da tarde de ontem, o preso Edinaldo dos Santos da Silva, 31, foi encontrado enforcado na cela 40 do raio II da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) sendo que o pavilhão é ocupado apenas por faccionados do PCC, ou seja o mesmo que os acusados teria usado como para os assassinatos como tribunal do crime.
Policiais penais informaram a investigadores da Polícia Civil terem recebido denúncia de que um preso estava morto dentro do raio II. Os agentes fizeram então a contagem dos presos da cela 40 e descobriram que um estava faltando.
Após encontrarem o corpo de Edinaldo pendurado pelo pescoço, os agentes isolaram os demais presos para a cela 46 e acionaram a polícia judiciária. O caso foi registrado como “morte a esclarecer”.
Na manhã de hoje, Amarildo Antoniel Souza Oliveira, 32, anos, natural de Caarapó, ele cumpria pena por roubo e a suspeita de que Amarildo tenha morrido de overdose, após ser obrigado a consumir o coquetel de cocaína com água, conhecido nos presídios por “gatorade”, esse foi um dos encontrado morto na cela 11, pavilhão B, do presídio semiaberto, que fica ao lado da PED. – Campo Grande News.