A Polícia Civil realizou na manhã desta segunda-feira, 06/02, uma entrevista coletiva de imprensa para falar da conclusão das investigações relativas à morte da menina Sophia, ocorrida no dia 26/01. A coletiva foi realizada na Delegacia-Geral da Polícia Civil e contou com a participação do Delegado-Geral – Roberto Gurgel de Oliveira Filho, Diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE) – Edilson Santos, Assessor Jurídico e Delegado – Gustavo Bueno, Delegada-Titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) – Anne Karine Trevisan, Delegado-Adjunto da DEPCA – Gustavo Henriques Barros e Delegado Roberto Morgado.
A abertura ficou por conta do Delegado-Geral, Roberto Gurgel, que falou sobre a priorização da Polícia Civil na apuração de crimes envolvendo mulheres, crianças e adolescentes. “Da nossa parte, enquanto instituição, o atendimento à criança e ao adolescente é prioridade, assim como o atendimento à mulher. Por isso, mudamos a DEPCA de prédio, com uma estrutura melhor e mais acolhedora, para atender as vítimas, nos mesmos moldes da sala lilás, que foi criada em várias delegacias do Estado, para atender mulheres vítimas de violência e que serviu de modelo para várias delegacias do Brasil”, salientou.
Na sequência, a Delegada-Titular da DEPCA, Anne Karine, que explicou que o inquérito policial relativo à morte de Sophia foi relatado na última sexta-feira, 03/02, e encaminhado ao Poder Judiciário dentro do prazo legal previsto no Código de Processo Penal, que é de 10 dias, em caso de réu preso.
Segundo a Delegada, no dia da morte da Sophia, a Polícia Civil foi acionada pela equipe médica que a atendeu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e de imediato uma equipe do Grupo de Operações e Investigações (GOI) foi até o local, conversou com os profissionais da unidade de saúde, que disseram que desconfiavam de que a menina estivesse morta há pelo menos 4 horas, relatando ainda que a mãe demonstrou certa frieza e só se desesperou quando foi avisada de que a polícia tinha sido acionada.
Os policiais civis conversaram com a mãe e em seguida foram até a casa onde a menina morava, na Vila Nasser, com a mãe e o padrasto e este disse que já estava esperando pela polícia. Tanto a mãe quanto o padrasto foram presos em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e estupro de vulnerável e encaminhados para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC).
Posteriormente o Boletim de Ocorrência foi encaminhado para a DEPCA, que realizou diversas oitivas e coletou elementos probatórios, que imputaram o crime tanto ao padrasto quanto à mãe de Sophia. Na delegacia o padrasto se reservou ao direito de ficar calado e falar somente em juízo. Já a mãe disse que a criança tinha passado mal e que estava com a barriga inchada porque tinha comido muita maionese. Ela disse ainda que já tinha batido na filha algumas vezes, mas de forma corretiva e que nunca houve um espancamento.
Foi feito exame necroscópico em Sophia e o laudo apresentou que a menina teve traumatismo raquimedular em coluna cervical e constatou que ela estava com hímen rompido, por violência sexual não recente.
Durante os trabalhos investigativos, a DEPCA apreendeu um computador e dois telefones celulares pertencentes aos autores. Foi representada pela quebra do sigilo telemático, que foi autorizado pelo Poder Judiciário.
Tanto o computador apreendido quando os dois telefones celulares foram encaminhados para perícia. Além disso, na autópsia, foi coletado material genético da genital da vítima, que também será periciado.
Conforme a Delegada Anne Karine, foi constatada trocas de mensagens entre os autores, demonstrando que eles tentavam criar uma versão para o motivo da morte da menina, que os eximissem de culpa, ou seja, em uma das conversas o padrasto de Sophia pedia para a mãe dela dizer que a menina tinha caído no parquinho e posteriormente sugeria para ela contar a verdade, porém, assim que ela contasse ele se mataria.
Ao final da coletiva, a Delegada explicou que mesmo que o inquérito policial tenha sido relatado e encaminhado ao Poder Judiciário, a Polícia Civil ainda aguarda os laudos de local, dos materiais apreendidos e do DNA coletado. “Esses documentos serão de suma importância para explicar toda a dinâmica dos fatos, já que nem a mãe e nem o padrasto contaram como se deu a morte de Sophia, que, segundo o laudo necroscópico, teria morrido entre às 9 e 10 horas do dia 26 de janeiro, tendo dado entrada na UPA por volta das 17 horas”, reforçou Anne Karine.