**Julho Âmbar: Uma Reflexão Sobre Luto Perinatal**
Em julho, o mês dedicado à conscientização sobre a perda de filhos, Marcela Albres, de 39 anos, compartilha sua história em homenagem ao filho Felipe, que nasceu com sérias cardiopatias congênitas e faleceu aos 31 dias de vida. O relato abrange o impacto emocional da perda e a importância do acolhimento para famílias em luto.
Durante a gestação, que inicialmente transcorreu sem complicações, um exame no primeiro trimestre indicou anormalidades no batimento cardíaco de Felipe. Posteriormente, uma ultrassonografia confirmou a ausência de metade de seu coração, revelando uma grave condição médica. Para garantir o tratamento adequado, a família optou por realizar o parto em São Paulo.
Felipe veio ao mundo frágil e, após um breve momento ao lado dos pais, foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde passou por uma cirurgia crítica. Embora a operação tenha sido bem-sucedida, o bebê não conseguiu sobreviver sem suporte mecânico e faleceu após 31 dias internado, deixando os pais devastados.
Além de lidar com a dor da perda, Marcela decidiu compartilhar suas experiências através das redes sociais, buscando dar visibilidade ao luto e, por consequência, escreveu um livro em homenagem ao filho, lançado no dia em que Felipe completaria um ano.
Desde então, a jornalista teve outros dois filhos, Matheus e Thiago, mas nunca esquece Felipe, que continua a ter um papel importante em sua vida e na de sua família. Ela ressaltou a necessidade de uma maior compreensão social acerca da morte, reconhecendo-a como uma parte natural da vida.
Marcela também criticou a falta de preparo de hospitais que, muitas vezes, expõem mães que perderam filhos junto a aquelas que recém deram à luz, problemática que ainda não foi amplamente discutida. Há uma proposta de lei em trâmite na Câmara dos Deputados para assegurar a criação de áreas específicas para essas mães.
A história de Marcela e Felipe destaca a urgência de um olhar mais empático sobre o luto parental, uma experiência dolorosa muitas vezes invisibilizada. Em Mato Grosso do Sul, Julho Âmbar foi instituído como um mês dedicado à conscientização deste tema, promovendo políticas públicas de apoio a famílias enlutadas e reconhecendo a necessidade de acolhimento e respeito.
Dados recentes sobre mortalidade infantil no estado revelam uma taxa expressiva e preocupante, com as principais causas de morte relacionadas a condições como má formação congênita do coração e complicações ao nascer. Embora o Brasil tenha registrado a menor taxa de mortalidade infantil e fetal evitável em quase três décadas, as estatísticas ainda evidenciam a importância de políticas efetivas para apoio e prevenção em casos de luto perinatal.