As negociações para um sistema de pagamentos autônomo entre os países do Brics, que elimina a necessidade de conversão para o dólar, registraram avanços, conforme detalha o comunicado final das reuniões dos ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do grupo. O documento ressalta progressos na busca por “interoperabilidade” entre os sistemas de pagamento das nações integrantes.
Os países do Brics identificaram maneiras de incentivar transações em moedas locais e diminuir custos operacionais. No entanto, o comunicado não especifica os detalhes das melhorias. As discussões continuarão no segundo semestre, antes de a Índia assumir a presidência do Brics, a partir de 1º de janeiro de 2026.
A comunicação mencionou, ainda, o progresso da Força-Tarefa de Pagamentos do Brics em identificar alternativas para facilitar as negociações sobre a interoperabilidade dos sistemas de pagamento.
Embora falte um detalhamento rigoroso sobre os avanços, o documento menciona o relatório elaborado pelo Banco Central do Brasil, que aponta as preferências dos países do bloco para promover pagamentos transfronteiriços rápidos, seguros e econômicos. Um sistema alternativo deve potencializar os fluxos de comércio e investimento entre as nações do Brics.
Em relação ao Acordo de Reservas Contingentes (ARC), os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais anunciaram uma revisão que inclui novas moedas. Esse mecanismo, criado em 2014, visa oferecer suporte financeiro mútuo em tempos de dificuldades econômicas. As novas diretrizes serão discutidas internamente, com uma reunião agendada para o segundo semestre para debater a adoção de novos membros ao ARC.
O comunicado também abordou iniciativas voltadas para a transição ecológica, mencionando a discussão sobre a criação de uma linha de garantia multilateral. Essa linha, desenvolvida pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), buscará fornecer cobertura contra inadimplências, minimizando riscos e melhorando a qualidade de crédito dos países do Sul Global. Uma iniciativa piloto será proposta para 2025, com relatórios de progresso a serem apresentados na cúpula do Brics de 2026, na Índia.
No que diz respeito à agenda climática, o documento enfatiza a necessidade de financiamento acessível e equitativo para garantir transições justas e destaca a importância do incentivo ao capital privado na luta contra o aquecimento global.
Atualmente, o Brics é formado por 11 países membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, além de vários países parceiros. A 17ª Reunião de Cúpula do bloco será realizada no Rio de Janeiro em 6 e 7 de julho.
Estes 11 países representam 39% da economia global, 48,5% da população mundial e 23% do comércio internacional. Em 2024, o Brics foi responsável por 36% das exportações do Brasil, enquanto 34% das importações brasileiras vieram destes países.