O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais reagiram às publicações do subsecretário do Departamento de Estado dos EUA, Christopher Landau, que criticaram o funcionamento do Judiciário brasileiro. Em uma postagem, Landau afirmou que um ministro do Supremo Tribunal Federal teria usurpado atribuições e prejudicado a relação entre os dois países.
O Itamaraty considerou a manifestação um ataque à soberania brasileira e registrou a posição em nota divulgada na noite de sábado (9). A pasta informou que a publicação é a segunda manifestação hostil do governo norte-americano em três dias e que, na sexta-feira (8), já havia manifestado à embaixada dos Estados Unidos seu rechaço a ingerências consideradas repetidas em assuntos internos do Brasil.
A ministra de Relações Institucionais também repudiou as postagens e reafirmou a posição do governo de que a Constituição tem sido cumprida e de que os Poderes da República agiram de forma coordenada para rejeitar a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro de 2023.
A publicação original de Landau estava em inglês e foi retransmitida em português pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Convocação da embaixada
Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, em resposta às mensagens consideradas ameaçadoras ao Judiciário. O secretário interino para Europa e América do Norte do Itamaraty, embaixador Flavio Celio Goldman, comunicou à representação norte-americana a indignação do governo brasileiro com o tom e o teor das postagens do Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
Na quinta-feira (7), a embaixada dos EUA no Brasil traduziu comentário do secretário de diplomacia pública norte-americano, Darren Beattie, no qual houve advertência a autoridades que apoiassem o ministro Alexandre de Moraes e acusações sobre suposta censura e perseguição por parte do magistrado.
Sanções e tarifas
Os Estados Unidos impuseram sanções financeiras a Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando violações de direitos humanos ou ligação com casos de corrupção. Autoridades norte-americanas também justificaram um aumento tarifário de 50% sobre produtos brasileiros em função de decisões do STF.
O governo dos Estados Unidos, na gestão de Donald Trump, tem criticado o ministro e o sistema de Justiça brasileiro em razão do processo penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e de medidas de remoção de conteúdo e bloqueio de plataformas digitais sediadas nos EUA.