25.3 C
Dourados
segunda-feira, setembro 1, 2025

Projeto oferece orientação em tempo real para cirurgias cardíacas pediátricas no SUS

Com sete meses de idade, a bebê Laura foi submetida a cirurgia cardíaca para corrigir uma malformação congênita associada à síndrome de Down. A alteração genética só foi detectada após o nascimento. A operação ocorreu em agosto e foi realizada sob supervisão remota pelo sistema de Teleorientação do Ato Cirúrgico.

Laura é uma das primeiras pacientes atendidas pelo projeto Congênitos, iniciativa que reforça a linha de cuidado em cardiopatia congênita infantil no Sistema Único de Saúde. O programa atua em três hospitais: Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza (CE); Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), em Recife (PE); e Hospital Francisca Mendes, em Manaus (AM).

O Albert Sabin atende cerca de 80 pacientes com cardiopatia congênita por semana, provenientes de municípios e de estados vizinhos. Para ampliar a capacidade de diagnóstico e tratamento, profissionais do Hospital do Coração de São Paulo (Hcor) acompanham remotamente as equipes desses três hospitais. Além de discussões semanais sobre casos e condutas, um paciente por mês é operado com acompanhamento em tempo real pelos especialistas do Hcor.

O sistema de Teleorientação do Ato Cirúrgico foi desenvolvido pelo Núcleo de Inovação do Instituto do Coração (Incor) da Universidade de São Paulo (USP). A tecnologia permite visualização do campo cirúrgico por câmera posicionada na cabeça do cirurgião e monitoramento dos sinais vitais e parâmetros anestésicos, possibilitando suporte técnico à equipe local durante o procedimento.

O termo cardiopatia congênita abrange diferentes malformações cardíacas desenvolvidas no período fetal. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, quase 30 mil crianças nascem anualmente no Brasil com essa condição. Aproximadamente 80% delas vão necessitar de cirurgia em algum momento, o que representa uma demanda superior a 11 mil operações por ano. Metade desses casos precisa de intervenção no primeiro ano de vida.

Nem todas as unidades hospitalares do país dispõem de estrutura para realizar esses procedimentos. A transferência de casos mais complexos para serviços de referência acarreta sobrecarga nas unidades receptoras e pode atrasar cirurgias, elevando o risco de complicações futuras. Apesar de já realizar cirurgias cardíacas há cerca de 20 anos, o Albert Sabin foi incluído no projeto para ampliar o volume e a complexidade dos atendimentos na região.

O projeto tem como objetivos aperfeiçoar protocolos de atendimento e compartilhar experiências técnicas, de modo a reduzir o número de transferências necessárias para casos de alta complexidade. A expectativa é que, com intervenções realizadas no momento adequado e com recursos apropriados, a sobrevida e a qualidade de vida dessas crianças melhorem significativamente. Quando a intervenção é adiada, há maior probabilidade de elevação da pressão pulmonar, infecções recorrentes, internações repetidas e pós-operatórios mais longos e complicados.

A iniciativa é executada no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). As três unidades foram selecionadas pelo Ministério da Saúde por sua relevância para as regiões Norte e Nordeste, consideradas as mais carentes de serviços cardíacos pediátricos. O acompanhamento das unidades seguirá até o próximo ano, com previsão de 60 cirurgias teleorientadas nesse período.

OUTRAS NOTÍCIAS

REDES SOCIAIS

6,864FãsCurtir
127SeguidoresSeguir
6,890InscritosInscrever

VÍDEOS