Vários dos principais jornais do Ocidente destacaram, na manhã desta quarta-feira (2), o início do julgamento por tentativa de golpe de Estado contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro e sete aliados, entre generais e políticos.
As publicações consultadas pela Agência Brasil ressaltaram o caráter inédito do processo no país, que, apesar do longo histórico de golpes e intervenções militares, nunca havia levado ao banco dos réus pessoas tão próximas ao comando do Estado por tentativa de subverter o regime democrático.
O jornal americano The Washington Post lembrou das pressões exercidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a realização do julgamento e colocou o caso no contexto de um debate mais amplo sobre tendências autoritárias na região.
O New York Times publicou uma reportagem de fôlego que reconstruiu os passos do caso a partir de dezenas de horas de depoimentos e de centenas de páginas do processo. A matéria apontou o volume de provas reunidas e a avaliação de analistas de que a ação tem potencial para resultar em condenações com penas longas.
No Reino Unido, o The Guardian destacou a dimensão inédita do julgamento e registrou que a disputa diplomática entre Brasil e Estados Unidos foi afetada pelas intervenções externas em torno do caso. O jornal também lembrou o histórico de tentativas de golpe no país desde 1889 e citou a tomada de poder de 1964, que deu início a 21 anos de regime militar.
Na França, o Le Figaro, em parceria com a agência AFP, observou que o processo segue em curso apesar das pressões internacionais e o colocou no centro de uma crise bilateral entre Brasil e EUA.
O espanhol El País tratou o caso como um julgamento histórico e ressaltou que nunca antes um ex‑presidente ou militares de alta patente haviam sido responsabilizados em juízo por ações dessa natureza.
A revista The Economist dedicou capa recente ao episódio, usando imagem que remeteu aos ataques ao Capitólio nos Estados Unidos, e analisou as implicações do processo para a saúde democrática em ambos os países.
As matérias internacionais convergem na avaliação de que o julgamento representa um marco institucional no Brasil e um teste para a robustez das instituições democráticas diante de tentativas de ruptura do ordenamento político.