Diversos jornais internacionais deram destaque, na manhã desta quarta-feira (2), ao julgamento por tentativa de golpe de Estado contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro e sete aliados, entre generais e políticos.
A cobertura ressaltou o caráter inédito do processo no Brasil, onde, apesar do histórico de intervenções e golpes, nunca antes figuras tão poderosas haviam sido levadas a julgamento por tentar subverter o regime democrático.
O Washington Post destacou a pressão exercida pelo então presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o caso e ressaltou que nenhum general ou político brasileiro havia, até agora, sido julgado por esse tipo de crime.
O New York Times publicou uma extensa reportagem baseada em depoimentos e documentos do processo, reconstruindo os atos que teriam sido empreendidos após a derrota eleitoral de 2022. A matéria afirma que as evidências reunidas sustentam a versão de uma tentativa de golpe e aponta para a expectativa entre analistas de que a ação judicial pode resultar em condenações com penas longas.
O Guardian também ressaltou a novidade histórica do julgamento e lembrou que as pressões externas relacionadas ao caso impactaram as relações entre Brasil e Estados Unidos. O jornal contextualizou o episódio no quadro de tentativas de golpe no país desde 1889 e recordou que a última tomada de poder bem-sucedida ocorreu em 1964, quando militares depuseram o presidente João Goulart, instaurando um regime autoritário que durou 21 anos.
Na França, o Le Figaro, em parceria com a agência AFP, tratou o processo como o centro de uma crise sem precedentes entre Brasil e EUA, observando que o julgamento segue mesmo diante das pressões mencionadas pelos meios internacionais.
O espanhol El País estampou na capa a cobertura do caso, destacando que nunca antes um ex‑presidente ou militares haviam sido responsabilizados judicialmente por tentativa de golpe no país.
A revista britânica The Economist dedicou a capa de uma edição recente ao julgamento. A arte mostrou Bolsonaro com o rosto pintado de verde e amarelo e usando um chapéu inspirado nos invasores do Capitólio, em referência ao episódio de janeiro de 2021 nos Estados Unidos. A reportagem da revista tratou o processo como um exemplo de reação institucional que poderia servir de lição para democracias em risco, ao mesmo tempo em que avaliou tendências políticas e econômicas em curso nos EUA.
A ampla cobertura internacional reforça a visão de que o julgamento marca um momento singular e potencialmente definidor para a democracia brasileira.
