Casos de covid-19 seguem ocorrendo no Brasil e registram alta em várias cidades, segundo informações apresentadas na 27ª Jornada Nacional de Imunizações, realizada em São Paulo.
O evento, organizado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) com o tema “Vacinando gerações: um compromisso de todos”, reuniu 90 atividades e palestrantes nacionais e internacionais.
Dados apresentados indicam que a atual circulação do vírus tem atingido populações específicas, com destaque para crianças menores de 2 anos, que em muitos casos não foram expostas anteriormente e permanecem sem proteção vacinal. Relatórios citados durante a jornada apontam que, entre as crianças acometidas, cerca de dois terços chegam a ser hospitalizadas. Em 2024 foram contabilizados 82 óbitos infantis por covid-19.
Idosos com 60 anos ou mais continuam entre os mais vulneráveis, face ao declínio natural da resposta imune associado ao envelhecimento. Gestantes também figuram entre os grupos de maior suscetibilidade, e a vacinação nessa fase é ressaltada como forma de proteger tanto a mãe quanto a criança até que esta possa ser vacinada.
Como medida de controle, especialistas presentes defenderam a testagem dirigida para reduzir riscos em populações de maior vulnerabilidade, como idosos e imunossuprimidos. Para indivíduos com menor risco de complicações, a testagem individual em farmácias ou laboratórios foi indicada como opção para diagnóstico e eventual investigação em casos posteriores.
Debates no encontro também abordaram a possibilidade de vacinas combinadas contra influenza e covid-19. Pesquisadores explicaram que, embora a integração permitisse imunização com uma única aplicação, existem desafios técnicos e epidemiológicos. As vacinas contra influenza são atualizadas anualmente e, globalmente, seguem recomendações da Organização Mundial da Saúde com formulações distintas para os hemisférios Sul e Norte. Já o SARS-CoV-2 apresenta alta taxa de mutação e comportamento ainda pouco previsível; no Brasil, observa-se a ocorrência de dois picos anuais, o que dificulta a sincronização das campanhas em uma única vacina combinada.
A atual política do Ministério da Saúde prevê, para os grupos de risco, a aplicação de duas doses da vacina contra covid-19 por ano, com intervalo de aproximadamente seis meses, situação que também complica a adoção imediata de uma vacina combinada.
Relatórios da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que reúne empresas responsáveis por mais de 85% dos exames na saúde suplementar, mostram aumento dos casos de covid-19 nas últimas dez semanas de referência. A positividade dos testes alcançou 13,2%, o maior índice desde março deste ano.
A elevação dos casos foi relacionada à redução gradual dos níveis de anticorpos na população e ao surgimento de novas variantes, mesmo em cenário de ampla imunização. Especialistas reforçam que infecções respiratórias têm comportamento cíclico, influenciado pela transmissibilidade viral, pela imunidade coletiva e por fatores sazonais, como aglomerações em ambientes fechados durante o inverno.