Mais de cem praticantes e simpatizantes das religiões de matriz africana se reuniram na tarde de domingo (7) em Brasília para celebrar a fé, reforçar a resistência dos povos de terreiro e pedir o fim da intolerância religiosa.
O encontro, batizado Caminhos para Exu, ocorreu em um trecho da W3 Sul, entre a Praça das Avós (506 Sul) e a Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles, que apoiou a iniciativa. A data foi escolhida por associação simbólica ao número sete, ligado ao orixá Exu e à ideia de união entre o espiritual e o material.
O evento foi inspirado na Marcha para Exu, que teve sua terceira edição em São Paulo no mês passado, com concentração na Avenida Paulista, e já foi replicada em outras cidades.
A participação abrangeu adeptos de candomblé, umbanda, quimbanda, ifá e de outras manifestações de espiritualidade de influência africana, além de simpatizantes atraídos pelos cânticos e pelo toque de atabaques, agogôs e outros instrumentos.
A Biblioteca Demonstrativa, vinculada ao Ministério da Cultura, integrou a programação e ampliou a visibilidade do público presente. Em razão da caminhada, a direção da instituição prorrogou até 15 de setembro a exposição Cartas à Tereza, em homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela, que permanece em cartaz na galeria.
Entre os participantes estava a yalorixá Francys de Óya, que saiu do terreiro Kwe Oya Sogy, em Samambaia, para prestigiar a atividade em Brasília.
Dados do Censo de 2022 indicam que as religiões de matriz africana passaram a corresponder a 1% da população brasileira, um aumento superior a 300% em relação a 2010. Pesquisadores atribuem parte desse crescimento a políticas públicas de enfrentamento à intolerância religiosa. Apesar disso, registros da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos apontam que essas religiões seguem entre os principais alvos de casos de intolerância no país.