A confirmação pelo governo dos Estados Unidos de que a Agência Central de Inteligência (CIA) opera na Venezuela gerou preocupação em governos e analistas da América Latina e do Caribe. A sinalização de ação direta de Washington é vista como precedente capaz de justificar intervenções militares na região.
O presidente norte-americano informou, em 15, que autorizou operações da CIA contra o governo de Nicolás Maduro. A Casa Branca justifica as medidas como combate ao tráfico de drogas; críticos apontam que interesses geoeconômicos, especialmente sobre as reservas petrolíferas venezuelanas, também estão em jogo.
A Venezuela detém a maior reserva petrolífera do planeta, estimada em cerca de 320 bilhões de barris. Autoridades e observadores consideram que o controle desses recursos está no centro das disputas internacionais envolvendo o país.
Especialistas em direito internacional e relações exteriores advertem para o risco de violação da soberania venezuelana e de normas do direito internacional. Também há receio de que a escalada de ações externas provoque conflito interno, aumento do fluxo migratório e destabilização nas fronteiras, incluindo a do Brasil.
O histórico das relações entre Caracas e Washington é marcado por episódios recentes de tensão. Em 2002, um golpe afastou Hugo Chávez por dois dias. Em 2017, os Estados Unidos impuseram sanções ao setor financeiro venezuelano após a criação de uma Assembleia Constituinte por Nicolás Maduro. Em 2019, Washington aplicou embargo ao petróleo venezuelano e apoiou a tentativa do deputado Juan Guaidó de assumir o governo.
A partir de 2022, parte das sanções econômicas vinha sendo flexibilizada, em meio às repercussões da guerra na Ucrânia. Em julho de 2024, a reeleição de Maduro foi contestada internacionalmente, e a retomada da pressão norte-americana incluiu o envio de contingentes militares para a região costeira venezuelana.
No âmbito político, figuras da oposição venezuelana receberam apoio externo em meio ao aumento das tensões. Entre as reações internacionais, registrou-se atenção especial de vizinhos como Brasil e Colômbia, que acompanham de perto a evolução da situação nas fronteiras.
A escalada diplomática e militar em torno da Venezuela coloca em xeque a estabilidade regional e reacende debates sobre soberania, legalidade das intervenções e a disputa por recursos estratégicos.