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domingo, outubro 19, 2025

Grupo de mulheres do DF denuncia agência de modelos por suposta fraude

Várias mulheres denunciaram supostas práticas irregulares da agência de modelos Brain, em Brasília, após pagar por serviços de agenciamento e não receber as oportunidades de trabalho prometidas. Ao menos 10 clientes já ajuizaram ação cível contra a empresa, que tem prazo até a próxima semana para apresentar defesa.

O caso mais relatado envolve Ana*, 28 anos, que em junho recebeu contato via rede social para integrar o casting da agência. Segundo a queixa, ela foi orientada a pagar cerca de R$ 2 mil para que um agenciador divulgasse suas fotos a potenciais clientes. Ana alega ter utilizado até o cheque especial e que o único trabalho apontado foi uma sessão para uma loja de óculos, cujo cachê de R$ 700 teria sido abatido do valor cobrado pelo agenciamento. Depois disso, não teria havido novas oportunidades.

Outras jovens relatam experiência semelhante. Elas passaram a se comunicar por um grupo em aplicativo de mensagens intitulado “Enganados pela Brain” e encontraram relatos com padrões parecidos: cobrança de valores antecipados, promessa de trabalhos frequentes e ausência de convocações para novos serviços.

Relatos reunidos pela reportagem indicam variação nos valores cobrados. Em um dos casos, uma jovem de 25 anos teria parcelado R$ 1,3 mil; em outro, uma contratante pagou R$ 5 mil por um pacote que incluiria trabalhos para ela e para o filho de 8 anos, mas, segundo a reclamação, teve apenas um serviço efetivado. Também houve denúncia de proposta de pagamento adicional de R$ 5 mil para supostamente aumentar a visibilidade nas redes sociais, valor que não teria sido quitado em um dos casos.

Uma ex-funcionária da agência informou ter atuado na captação de modelos e relatou que havia orientação interna para recrutar grande número de perfis, inclusive por meio de abordagem em shoppings e redes sociais. Segundo essa fonte, a prática de elogiar perfis teria sido utilizada como técnica de convencimento.

No fórum judicial, o grupo de clientes pede a rescisão dos contratos e a devolução dos valores pagos. O processo coletivo soma cerca de R$ 53 mil. Até o momento não houve registro de tentativa formal de conciliação entre as partes.

Do ponto de vista criminal, o advogado Jaime Fusco avaliou que as condutas narradas podem configurar estelionato, por promessa de emprego não cumprida, e recomendou que as denúncias sejam encaminhadas à polícia especializada em fraudes e ao Ministério do Trabalho para apuração administrativa.

A defesa da Brain, por meio de seu advogado, negou a existência de promessas de emprego e afirmou que os contratos assinados esclarecem não haver garantia de trabalho. A empresa também emitiu posicionamento afirmando não ter sido intimada para responder às ações movidas contra ela e negando que tenha orientado funcionários a abordar 100 pessoas por dia ou a incentivar a compra de seguidores em redes sociais. Segundo a agência, o que houve foi recomendação interna para estratégias legítimas de crescimento digital.

A Brain declarou ainda manter contrato de prestação de serviços com a loja de óculos Oculum, renovado por quatro períodos consecutivos, recebendo remuneração mensal fixa para criação de material de marketing e para ações com influenciadores. A agência afirmou que os agenciados aprovados recebem créditos em óculos ou podem abater esse valor no investimento de agenciamento e reiterou que cumpre suas obrigações contratuais.

*Nome fictício a pedido das entrevistadas.

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