Mais de um ano após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o estado ainda avança na reconstrução de escolas e na preparação das comunidades escolares para futuros eventos climáticos extremos.
Oito escolas e a sede da Secretaria de Educação permanecem fora dos prédios onde funcionavam, segundo balanço da pasta. O trabalho atual vai além da recuperação física: envolve a implantação de planos de contingência voltados para tempestades, alagamentos e outros riscos crescentes na região, como ciclones, chuvas intensas e ondas de calor.
Em parceria com o Banco Mundial, foram identificadas 730 escolas em situação de risco. Dessas, 87 foram classificadas como mais vulneráveis e começaram a receber, em caráter piloto, ações voltadas à redução de riscos e à adaptação.
Interrupções prolongadas de aulas ocorreram em diversas unidades — houve escolas que ficaram sem atividades entre sete e 52 dias — o que motivou a formulação de estratégias pedagógicas específicas para recuperar a aprendizagem e reduzir impactos futuros.
As medidas foram elaboradas com consultorias e parcerias nacionais e internacionais, em conjunto com as próprias escolas. Os planos de contingência estabelecem procedimentos a serem adotados antes, durante e após emergências, levando em conta a localização e as características de cada unidade escolar. Um dos exemplos de infraestrutura pensado para múltiplas funções é o chamado Ginásio Resiliente: projetado para atividades esportivas e, quando necessário, para acolhimento emergencial, com estrutura reforçada e possibilidade de funcionamento independente para manter a continuidade das aulas.
O primeiro semestre de 2024 marcou o maior desastre natural registrado no estado. As inundações afetaram 478 das 497 cidades gaúchas, atingindo diretamente cerca de 2,4 milhões de pessoas. O balanço oficial registra 184 mortos, 806 feridos e 25 desaparecidos.
O modelo de resposta e reconstrução do Rio Grande do Sul também foi apresentado em fóruns internacionais. Em Valência, na Espanha — cidade que sofreu fortes tempestades em novembro de 2024 — foram compartilhadas experiências de reconstrução escolar que priorizaram a escuta da comunidade e a adaptação dos edifícios às necessidades locais. O escritório espanhol Espacios Maestros, por exemplo, atuou em reformas que consideraram a participação de famílias e educadores e incluiu intervenções em pátios para trabalhar biodiversidade, agricultura e fontes alternativas de energia.
Prêmio Escolas Sustentáveis
No encerramento do II Fórum Internacional de Sustentabilidade e Educação foi anunciado o vencedor da etapa internacional do Prêmio Escolas Sustentáveis. A Institución Educativa Comercial de Envigado, da Colômbia, conquistou o primeiro lugar com o projeto Metodologia de Pesquisa Socioambiental GCA, uma rota pedagógica alinhada às políticas públicas ambientais do país. A instituição recebeu o equivalente a R$ 25 mil.
O prêmio, promovido pela Santillana, pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e pela Fundação Santillana, reconhece iniciativas socioambientais de escolas do Brasil, México e Colômbia. Esta terceira edição recebeu cerca de mil inscrições. Foram selecionadas duas finalistas por país — uma na categoria Educação Infantil/Fundamental e outra no Ensino Médio — avaliadas por impacto, eficácia, criatividade e inovação. As escolas finalistas receberam prêmios em dinheiro de US$ 3 mil (aproximadamente R$ 16 mil).
Entre os finalistas, a Escola Estadual Brasil, de Limeira (SP), foi destacada na categoria Ensino Médio pelo projeto AquaTerraAlert, sistema pioneiro de alerta precoce para inundações e deslizamentos. Na categoria Educação Infantil/Fundamental, a finalista brasileira foi IncluARTE – SustentART, da Creche Municipal Magdalena Arce Daou, em Manaus, projeto que integra sustentabilidade, arte e inclusão para a recuperação de áreas degradadas.
