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sexta-feira, outubro 24, 2025

Unicef aponta queda na vacinação na Maré em dias de operação policial

Pesquisas do Unicef e da ONG Redes da Maré apontam queda drástica na vacinação de crianças de até 6 anos no Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nos dias em que há operações policiais — mesmo quando as unidades de saúde permanecem abertas.

Em 2024, as forças de segurança realizaram ações em alguma comunidade do complexo em 43 dias. Em pelo menos 22 dessas ocasiões, confrontos levaram ao fechamento de ao menos uma unidade de saúde. Nos dias com operação policial foram vacinadas, em média, nove crianças, ante 89 em dias sem operações — uma redução de 90%. A média diária de doses aplicadas caiu de 187 para 20.

Dados do primeiro semestre de 2025 corroboram o impacto das operações. Nos dias sem atuação policial a média de doses aplicadas foi de 176,7, com 76 crianças vacinadas por dia. Em dias de operação, a média caiu para 21,1 doses e 11 crianças imunizadas por dia.

Mesmo quando as unidades permaneceram abertas durante operações, a vacinação registrou queda de 82% tanto no número de doses quanto no de crianças atendidas. O estudo relaciona essa diferença a um efeito indireto das operações, associado ao receio e à restrição de circulação de moradores e profissionais, que limitam o acesso às salas de vacina.

A Maré é um dos maiores conjuntos de favelas do país, formado por 15 favelas e quase 125 mil habitantes. Mais da metade da população tem menos de 30 anos e 12,4% são crianças de 0 a 6 anos. O atendimento local é prestado por seis unidades básicas de saúde, que oferecem as vacinas previstas no calendário do Sistema Único de Saúde, entre outros serviços.

As organizações responsáveis pelo levantamento recomendam medidas para reduzir os danos: redução da violência armada; proteção das unidades de saúde; incorporação do impacto desses serviços no planejamento das operações; e ações de imunização em espaços intersetoriais, como escolas, centros de referência de assistência social (Cras), centros de referência especializados (Creas) e por meio de visitas domiciliares. O estudo também apontou a necessidade de fortalecer a atuação dos agentes comunitários de saúde para realizar busca ativa de crianças com esquema vacinal atrasado.

O relatório destaca ainda que problemas de saneamento e outras vulnerabilidades locais aumentam a exposição a doenças infecciosas, o que torna a manutenção da cobertura vacinal particularmente importante no território.

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