Produtos de limpeza comuns em lares — como soda cáustica, desentupidor, alvejante e limpa-forno — representam risco sério quando ficam ao alcance de crianças. Pequenos descuidos podem causar lesões permanentes.
O Centro de Endoscopia Avançada do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) é referência no estado para atendimento a vítimas de ingestão de substâncias cáusticas e corrosivas. A unidade registra maior ocorrência entre crianças de até cinco anos, mas também atende casos envolvendo adultos.
A ingestão desses produtos provoca queimaduras severas no esôfago, no estômago e no trato respiratório. Em situações mais graves, as lesões podem evoluir para perfurações e, no longo prazo, gerar estreitamento do esôfago, condição que compromete a ingestão de alimentos e líquidos e exige dilatações endoscópicas periódicas realizadas pelo centro.
O uso doméstico de soda cáustica em processos como a fabricação caseira de sabão aumenta o risco de acidentes. Práticas perigosas, como armazenar soluções diluídas em garrafas reaproveitadas de água ou refrigerante, facilitam ingestões acidentais quando o produto é confundido com bebida.
Em casos de ingestão, a orientação é buscar atendimento imediato em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou no Centro Regional de Saúde (CRS) mais próximo. Se necessário, a regulação pode encaminhar o paciente à unidade de referência estadual.
Relato de caso: acidente com criança
Em abril, uma menina de seis anos ingeriu acidentalmente um produto desentupidor que havia sido deixado diluído em um copo. Ela foi atendida inicialmente em um CRS e transferida para o HRMS. A criança permaneceu internada inicialmente por quatro dias e, após alta, teve que retornar para um período de três meses de internação.
O quadro evoluiu com necrose gástrica, e atualmente a criança realiza dilatações semanais do esôfago no HRMS. O acompanhamento multidisciplinar inclui cirurgião, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e neurologista.
Como prevenir acidentes
– Manter produtos de limpeza fora do alcance e da visão de crianças.
– Não reutilizar garrafas ou recipientes para guardar substâncias químicas.
– Identificar claramente produtos perigosos.
– Em caso de acidente, procurar atendimento médico imediato; não provocar vômito nem oferecer líquidos por conta própria.
