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domingo, novembro 2, 2025

Maternidade da UFRJ se destaca pelo acolhimento ao luto gestacional

Uma maternidade pública na zona sul do Rio de Janeiro tornou-se referência no atendimento a famílias enlutadas por perdas gestacionais, neonatais e infantis. Em outubro — mês que, pela primeira vez no país, passa a abordar oficialmente o luto gestacional, neonatal e infantil — a Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro abriu as portas para mostrar suas práticas de acolhimento, desenvolvidas ao longo de pelo menos 15 anos.

Em agosto, entrou em vigor a política de humanização do luto materno e parental, prevista na lei 15.139. A norma estabelece atendimento respeitoso e medidas para auxiliar na recuperação das pessoas afetadas, incluindo a possibilidade de as famílias terem um último momento com a criança, registrarem fotografias e obterem registros como as digitais do pezinho. A legislação também prevê o registro do nome do bebê na certidão de óbito e autoriza enterro ou cremação, caso seja a vontade da família.

Na Maternidade Escola da UFRJ, o último momento com o bebê é realizado em um espaço específico chamado morge, ambiente raramente aberto às famílias em outras unidades. O local foi preparado para acolher essas despedidas: paredes decoradas, mantinhas e roupas de recém-nascido disponíveis para quem não tem, além de coraçõezinhos de pano produzidos por voluntárias e entregues como lembrança — uma unidade destinada aos pais e outra acompanhando o bebê.

A instituição também adota protocolos para permitir a despedida no centro obstétrico ou na unidade neonatal. Em situações de gravidade na UTI, quando o desfecho é desfavorável, a equipe oferece a possibilidade de aproximar o bebê da mãe para que o óbito ocorra com proximidade física e privacidade. Na UTI, é preparado um biombo para resguardar o momento.

A direção da maternidade busca ampliar o morge, citando limitações da estrutura atual, considerada pequena para acomodar as famílias durante a despedida. Apesar disso, mães internadas em enfermaria ou em UTI têm o tempo que necessitam para se despedir.

Há pelo menos 15 anos a unidade desenvolve medidas de cuidado específicas, entre elas a criação da Enfermaria da Finitude, destinada a mães que sofreram perda perinatal. A separação dessa população das puérperas com filhos vivos foi adotada para reduzir sofrimento psíquico decorrente da convivência com outras mães em recuperação e aleitamento.

A lei 15.139 também determina investigação das causas do óbito e acompanhamento especializado em gestações subsequentes. Outro ponto previsto é o atendimento psicológico após a alta. A maternidade oferece suporte presencial e por telefone, mas reconhece a limitação de equipe e a dificuldade de retorno das mães à unidade. Por isso, a instituição busca parcerias com outras unidades de saúde para descentralizar esse acompanhamento. A legislação admite cooperação com organizações do terceiro setor como opção complementar.

Entre as práticas adotadas na UFRJ estão atividades de musicoterapia voltadas a pacientes e equipes de saúde, com apoio de psicólogas e assistentes sociais, como forma de reduzir o impacto emocional do trabalho. A norma também recomenda incluir o tema do luto materno na formação de profissionais de saúde e estimular o intercâmbio de experiências entre técnicos, médicos e enfermeiros.

A implementação plena da política exige mudanças culturais na rede pública. A maternidade lembra o processo de adaptação para assegurar a presença de acompanhantes no parto, que demandou revisões de espaço e práticas para garantir privacidade e acolhimento.

A Maternidade Escola da UFRJ é referência para seis unidades básicas de saúde da cidade. Além dos partos de emergência, realiza pré-natal de alto risco e recebe casos de todo o estado, incluindo gestantes com diagnóstico de doença trofoblástica gestacional.

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