A preservação das florestas será um dos temas centrais da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que começa na próxima semana em Belém (PA). A escolha da Amazônia como sede destaca a importância do bioma para a regulação climática global, para a biodiversidade e para os modos de vida de povos indígenas e comunidades tradicionais.
O evento oferecerá a oportunidade de aproximação direta dos participantes com o ecossistema amazônico e de levar ao centro das negociações pautas relacionadas à proteção florestal, mitigação e adaptação às mudanças climáticas. A COP30 será a primeira edição realizada na região.
Riscos como a perda de espécies e a chamada savanização da Amazônia — transformação da floresta em áreas de vegetação mais seca e degradada — podem gerar impactos climáticos além das fronteiras nacionais. Por isso, existem compromissos e metas nacionais e internacionais voltados à redução do desmatamento e da degradação florestal.
Entre os fatores que impulsionam o desmatamento estão a expansão agrícola e da pecuária, conflitos fundiários, ausência de regularização e destinação de terras, e atividades econômicas ilegais como o garimpo. Ao mesmo tempo, há vastas áreas já degradadas que poderiam ser destinadas a atividades produtivas sem necessidade de novos desmatamentos.
Um instrumento considerado importante no combate ao desmatamento é a moratória da soja, acordo multissetorial que proíbe a compra de soja originária de áreas desmatadas na Amazônia após 2008. Relatórios de monitoramento da moratória indicam que, entre 2009 e 2022, os municípios cobertos pelo acordo registraram redução de quase 70% no desmatamento, mesmo com aumento de 344% na área plantada de soja nesse período. Na safra 2022/2023, menos de 4% da soja monitorada estava fora de conformidade com as regras do acordo.
A recuperação de áreas degradadas também integra as estratégias de preservação. Técnicas como restauração ecológica e sistemas agroflorestais têm sido adotadas em iniciativas comunitárias e por povos indígenas, com foco em bem-estar coletivo e desenvolvimento local. Projetos de agroflorestas, por exemplo, vêm transformando áreas degradadas em sistemas produtivos em algumas terras indígenas desde meados da década de 2010.
A implementação efetiva dessas ações depende, segundo especialistas e relatórios setoriais, de financiamento direcionado a iniciativas comunitárias e de fortalecimento de capacidades locais.
A agenda da COP30 inclui a Cúpula de Líderes, marcada para quinta (6) e sexta-feira, encontro preparatório em que chefes de Estado e de Governo deverão definir prioridades globais antes do início das negociações climáticas em Belém.




