Pessoas pretas ou pardas que ocupam cargos de direção e gerência recebem, em média, 34% menos do que brancos nas mesmas funções, aponta a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE divulgada nesta quarta-feira (3). Diretores e gerentes brancos têm rendimento médio mensal de R$ 9.831, ante R$ 6.446 entre pretos e pardos — diferença de R$ 3.385.
Os dados, referentes a 2024 e que consideram trabalhadores com 14 anos ou mais, mostram redução da desigualdade desde o início da série: em 2012 a diferença era de 39% e em 2023 caiu para 33%.
O levantamento do IBGE organiza os trabalhadores em dez grandes grupos ocupacionais e registra vantagem salarial dos brancos em todos eles. O grupo de diretores e gerentes apresenta o maior rendimento médio entre os dez, com R$ 8.721 por mês em 2024.
As maiores diferenças salariais (valor que os brancos recebem a mais que pretos e pardos) são:
– Diretores e gerentes: R$ 3.385
– Profissionais das ciências e intelectuais: R$ 2.220
– Trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e da pesca: R$ 1.627
– Técnicos e profissionais de nível médio: R$ 1.238
– Membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares: R$ 934
– Trabalhadores dos serviços, vendedores de comércio e mercado: R$ 765
– Operadores de instalações e máquinas e montadores: R$ 503
– Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios: R$ 477
– Trabalhadores de apoio administrativo: R$ 451
– Ocupações elementares: R$ 262
Outros indicadores refletem a desigualdade racial no mercado de trabalho. Entre os brancos, 17,7% ocupam cargos de direção e gerência; entre pretos e pardos esse percentual é de 8,6%. Na base da pirâmide, o grupo de ocupações elementares tem o menor rendimento médio (R$ 1.454); 10,9% dos brancos trabalham nessa categoria, contra 20,3% dos pretos e pardos.
Na média dos dez grandes grupos, o rendimento mensal dos brancos foi de R$ 4.119, frente a R$ 2.484 dos pretos e pardos — diferença de 65,9%. Considerando rendimento por hora, a média dos brancos foi de R$ 24,60, 64% acima dos R$ 15,00 dos pretos e pardos.
A desigualdade persiste também entre os que têm ensino superior completado: a hora trabalhada de brancos com diploma valia R$ 43,20, enquanto a de pretos e pardos chegava a R$ 29,90 — diferença de 44,6%, a maior entre os níveis de escolaridade analisados.
A taxa de informalidade — emprego sem carteira, trabalho por conta própria e empregadores sem contribuição previdenciária — foi mais elevada entre pretos e pardos (45,6%) do que entre brancos (34%). A taxa geral do país ficou em 40,6%.
O IBGE não adota o termo “negro” em suas classificações; o Estatuto da Igualdade Racial considera como população negra o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas. Segundo o Censo 2022, pretos e pardos representam 55,5% da população brasileira.




