O aumento do uso de motocicletas no Brasil, associado à escassez de alternativas de transporte público mais eficientes, consolidou-se após a pandemia. A frota cresceu em quase 5 milhões de veículos desde então e ultrapassa 29 milhões de motos. Em seis estados das regiões Norte e Nordeste, as motocicletas já são mais numerosas que os automóveis.
As consequências desse crescimento aparecem nos dados de mortalidade e internações. Motociclistas passam a responder por cerca de um terço dos óbitos no trânsito. Entre 2010 e 2023, 1,4 milhão de motociclistas foram internados por acidentes, o que equivale a 57,2% de todas as internações por lesões de trânsito no país, segundo o Ministério da Saúde.
Para reduzir riscos, a legislação e órgãos de segurança viária indicam medidas práticas:
Uso obrigatório de capacete
O capacete é obrigatório para condutor e passageiro. Deve estar em bom estado, com viseira ou óculos de proteção, adesivos retrorrefletivos na frente, laterais e traseira e selo holográfico de certificação do Inmetro. A peça precisa estar afivelada e a viseira, abaixada. Estudos apontam que o uso correto do capacete reduz mortes e lesões graves de forma significativa.
Evitar o uso do celular
Segurar o celular durante a condução causa distração e prejudica o equilíbrio. Condutores devem manter as duas mãos no guidão; passageiros, segurar-se com ambas as mãos. Dados indicam que o uso de celular ao volante aumenta em cerca de quatro vezes o risco de envolvimento em acidente.
Respeitar limites de velocidade
Velocidade elevada dificulta manobras e frenagens e aumenta a gravidade dos impactos. Análises mostram que cada aumento de 1% na velocidade média eleva em 4% o risco de um sinistro fatal. A comparação entre 60 km/h e 80 km/h indica risco substancialmente maior de morte em caso de colisão.
Não conduzir sob efeito de álcool ou drogas
Dirigir sob influência de álcool ou substâncias psicoativas configura crime, conforme o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro. Passageiros embriagados também representam risco ao equilíbrio do condutor. Serviços de transporte por aplicativo costumam recomendar viagem de carro nesses casos.
Uso de vestimenta adequada
Recomenda-se jaqueta, calça e luvas de material resistente, preferencialmente em cores claras, além de calçados fechados que protejam pés e tornozelos. Evitar roupas folgadas, chinelos e acessórios que possam enroscar na moto diminui a exposição a lesões em quedas.
Cautela ao trafegar pelo corredor
Circular entre veículos não é proibido em muitos locais, mas aumenta a probabilidade de acidentes devido a mudanças de faixa sem sinalização, portas abertas e travessias de pedestres. Quando necessário, deve-se transitar em baixa velocidade e evitar ultrapassagens pela direita.
Regras para crianças e idade mínima
O transporte de crianças em motocicletas só é permitido a partir dos 10 anos, com capacete adequado ao tamanho da criança. A idade mínima para obter habilitação na categoria A é 18 anos.
Manter farol baixo durante o dia
Circular com farol baixo aceso durante o dia aumenta a visibilidade da moto. Estimativas indicam redução de até 20% no risco de colisões quando a frota de motocicletas utiliza farol baixo.
Somente um passageiro
É permitido transportar apenas um passageiro na garupa. Transportar ocupante fora do assento suplementar ou em carro lateral é infração gravíssima (artigo 244, inciso II do CTB), sujeita a multa e suspensão do direito de dirigir.
Comportamento do passageiro
O passageiro deve segurar-se com as duas mãos nas alças traseiras ou no condutor e manter os pés nos pedais de apoio. É importante evitar segurar partes laterais da moto ou aproximar-se do escapamento e alinhar os movimentos do corpo ao do condutor, principalmente em curvas, para não comprometer o equilíbrio.
Essas medidas não eliminam totalmente os riscos, mas podem reduzir significativamente a ocorrência e a gravidade de acidentes envolvendo motocicletas.
