Dois consórcios estrangeiros registraram propostas para o leilão que vai selecionar a concessionária responsável pela construção do túnel entre Santos e Guarujá (SP). As empresas inscritas são a espanhola Acciona e a portuguesa Mota-Engil.
A disputa ocorrerá na sexta-feira (5), às 16h, na sede da B3, em São Paulo. A vencedora terá a concessão para construir, operar e manter a infraestrutura por 30 anos. O investimento total estimado é de R$ 6,8 bilhões, com aporte público de até R$ 5,14 bilhões — dividido igualmente entre o governo de São Paulo e o governo federal — e o restante vindo da iniciativa privada.
A Acciona responde atualmente pelas obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. A Mota-Engil fechou recentemente contrato com a Petrobras para serviços em sistemas submarinos de plataformas offshore.
Projeto e características
O túnel Santos–Guarujá será a primeira travessia submersa do país, com 1,5 km de extensão, dos quais 870 metros serão instalados por imersão, com módulos de concreto pré-moldado no leito do canal portuário. A estrutura prevê três faixas de rolamento em cada sentido, sendo uma adaptada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia, espaço para pedestres e galeria de serviços.
O projeto conta com licença ambiental prévia emitida pela Cetesb em agosto de 2025. O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), apresentados em julho de 2024, apontam a iniciativa como solução para um gargalo histórico de mobilidade entre os dois municípios.
Impacto na mobilidade e logística
Atualmente, a ligação terrestre mais usada é a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), com trajeto de 43 km e tempo médio de 60 minutos, predominante para veículos comerciais. Para pedestres, ciclistas e veículos leves, a travessia é feita por balsas e barcas, com duração entre 18 e 60 minutos conforme as operações do porto.
Dados do governo paulista indicam que mais de 28 mil pessoas cruzam diariamente a baía por meio de catraias (reservadas a pedestres) e balsas. A estimativa oficial é de que o túnel reduza o tempo de travessia para cerca de dois minutos.
A obra deve desafogar o sistema atual de travessias, aliviar o tráfego na SP-055 e aumentar a capacidade de escoamento do Porto de Santos, que enfrenta congestionamentos frequentes.
Geração de empregos e efeito econômico
O governo federal aponta que o empreendimento pode transformar a mobilidade urbana, estimular a economia local e impactar positivamente a qualidade de vida das mais de 720 mil pessoas que vivem em Santos e Guarujá. A previsão é de geração de milhares de empregos diretos e indiretos nas fases de construção e operação do túnel.