O Grito dos Excluídos no Rio de Janeiro foi realizado perto do desfile cívico-militar no centro da cidade. Com a soberania nacional como tema principal, o ato também abrigou pautas de centrais sindicais e movimentos sociais.
Mães de jovens mortos por agentes do Estado participaram da mobilização, reivindicando investigação e responsabilização pelos casos. Entre elas estava Nívia do Carmo Raposo, mãe de Rodrigo Tavares, militar do Exército assassinado por milicianos em 2015, e fundadora do Movimento de Mães e Familiares de Vítimas da Violência Letal do Estado e Desaparecidos Forçados.
Houve manifestações de solidariedade ao povo palestino e críticas às ofensivas de Israel na Faixa de Gaza. Organizações sindicais e movimentos que organizaram o ato adotaram o lema “7 de Setembro do Povo — quem manda no Brasil é o povo brasileiro”.
Demandas trabalhistas marcaram o protesto, com destaque para o pedido de fim da escala 6×1. O vereador Rick Azevedo (PSOL), responsável pelo movimento contra a escala, esteve entre os participantes. Outras reivindicações incluíram a taxação de super-ricos e a isenção do imposto de renda para trabalhadores com renda de até R$ 5 mil.
A mobilização também contou com adesivos e cartazes pedindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processos relacionados à tentativa de golpe de Estado. Ao longo do ato, manifestantes entoaram palavras de ordem contrárias a anistias.
A Escola de Teatro Popular apresentou uma intervenção artística que representou a população como um cardume de peixes em confronto com tubarões, simbolizando os poderosos. Na encenação, os peixes se unem em defesa de pautas como reforma agrária, trabalho digno e proteção da Amazônia, e derrotam os atacantes.
Ao término do desfile cívico-militar, o Grito dos Excluídos seguiu em marcha pela Avenida Presidente Vargas e Avenida Rio Branco, encerrando-se na Praça Mauá.
Desfile cívico-militar
O desfile oficial teve início na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Palácio Duque de Caxias, antiga sede do Ministério do Exército e atual Quartel‑General do Comando Militar do Leste.
A apresentação reuniu cerca de 5 mil integrantes das Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica — além de policiais Militar e Civil do estado do Rio de Janeiro, Corpo de Bombeiros Militar, Secretaria de Administração Penitenciária e Guarda Municipal. Participaram também alunos de escolas públicas e privadas.
O público acompanhou a passagem de cerca de 250 veículos, entre blindados, viaturas, motocicletas e cavalaria. Aeronaves sobrevoaram a região central da cidade.
Protesto bolsonarista
Um ato convocado por lideranças religiosas e partidos de direita teve lugar em Copacabana, na zona sul. Os participantes pediram anistia para condenados pelos atos golpistas e a libertação do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de manifestações de apoio ao então presidente americano Donald Trump.