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sexta-feira, outubro 17, 2025

Pesquisas brasileiras impulsionam diagnóstico precoce do Alzheimer

Pesquisadores brasileiros confirmaram o potencial de um exame de sangue para diagnosticar o Alzheimer, com destaque para a proteína p-tau217 como principal biomarcador capaz de diferenciar indivíduos saudáveis de portadores da doença. Os estudos receberam apoio do Instituto Serrapilheira e têm como objetivo viabilizar o uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS).

O grupo liderado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) integrou uma revisão que analisou mais de 110 trabalhos envolvendo cerca de 30 mil pessoas. A publicação, assinada por 23 autores — oito deles brasileiros — apontou a p-tau217 no sangue como o marcador mais promissor para identificação do Alzheimer.

Em uma etapa com 59 pacientes, os testes sorológicos foram comparados ao exame de líquor, considerado padrão-ouro, e apresentaram níveis de confiabilidade superiores a 90%, atendendo ao patamar recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Resultados semelhantes foram obtidos de forma independente por pesquisadores do Instituto D’Or e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em estudo com metodologia e achados comparáveis.

Atualmente, no Brasil, o diagnóstico assistido por biomarcadores é feito por exames de líquor — procedimento invasivo que requer punção lombar — e por exames de imagem, ambos com limitações para aplicação em massa no SUS devido a infraestrutura e custos. O exame de sangue já é oferecido em rede privada; testes importados, como o PrecivityAD2, chegam a custar até R$ 3,6 mil no país.

A pesquisa também verificou a influência de fatores socioeconômicos: baixa escolaridade foi associada a maior risco de declínio cognitivo, superando na análise variáveis como idade e sexo. O achado reforça a hipótese de que educação e contexto social impactam o envelhecimento cerebral e a reserva cognitiva.

Para incluir o teste no SUS será necessário confirmar seu desempenho em avaliações adicionais e definir estratégias logísticas, como locais de análise, momentos de aplicação e população-alvo. Os pesquisadores estimam que os resultados definitivos estarão prontos em cerca de dois anos. As próximas fases do projeto começarão com indivíduos a partir de 55 anos, visando mapear também a fase pré-clínica da doença, quando alterações já ocorrem sem sintomas aparentes.

A pesquisa foi publicada na revista Molecular Psychiatry. Em setembro, uma revisão internacional na Lancet Neurology reforçou os resultados sobre o uso de p-tau217 no diagnóstico do Alzheimer. Enquanto isso, estimativas da OMS indicam cerca de 57 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo, das quais pelo menos 60% têm Alzheimer. No Brasil, o Relatório Nacional sobre Demência de 2024 aponta aproximadamente 1,8 milhão de casos, com projeção de aumento significativo até 2050.

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