O número de trabalhadores sindicalizados no Brasil reverteu uma trajetória de queda de mais de uma década e cresceu em 812 mil pessoas em 2024. Com isso, 8,9% dos 101,3 milhões de ocupados estavam filiados a sindicatos no ano passado.
Ao todo, 9,1 milhões de trabalhadores estavam associados a sindicatos em 2024, avanço de 9,8% em relação a 2023, quando o total era de 8,3 milhões. Ainda assim, o contingente permanece bem abaixo do patamar de 2012, quando somava 14,4 milhões — queda de 36,8% em doze anos.
Os dados constam em edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série anual abrange desde 2012, exceto 2020 e 2021, anos em que a coleta foi inviabilizada pela pandemia de covid-19.
Evolução da proporção de sindicalizados entre os ocupados:
2012: 16,1%
2013: 16,0%
2014: 15,7%
2015: 15,7%
2016: 14,8%
2017: 14,2%
2018: 12,4%
2019: 11,0%
2022: 9,2%
2023: 8,4%
2024: 8,9%
Entre as mudanças legislativas mencionadas no histórico, a reforma trabalhista de 2017 entrou em vigor e trouxe, entre outras alterações, o fim da contribuição sindical obrigatória.
Perfil etário dos novos filiados
Do saldo positivo de 812 mil sindicalizados em 2024, oito em cada dez tinham 30 anos ou mais. O grupo de 40 a 49 anos representou 32% das novas filiações. A faixa de 14 a 19 anos respondeu por apenas 0,7% do aumento.
As taxas de associação por faixa etária ficaram em 1,6% para 14 a 19 anos e 5,1% para 20 a 29 anos.
Setores de atividade
Da população sindicalizada, 30,9% atuavam no grupamento que reúne administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. Em seguida aparecem a indústria (16,4%) e o agrupamento formado por informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (13,3%).
Por taxa de associação dentro de cada grupamento:
– Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: 15,5%
– Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 14,8%
– Indústria geral: 11,4%
– Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 9,6%
– Transporte, armazenagem e correio: 8,3%
– Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 5,6%
– Alojamento e alimentação: 4,2%
– Construção: 3,6%
– Outros serviços: 3,4%
– Serviços domésticos: 2,6%
Escolaridade
A taxa de sindicalização entre ocupados com ensino superior completo foi de 14,2%, acima da média nacional. Para quem tem ensino médio completo ou superior incompleto, a taxa ficou em 7,7%. Entre os trabalhadores com fundamental completo e médio incompleto, a taxa foi de 5,7%.
Tipo de vínculo
Empregados do setor público apresentaram taxa de sindicalização de 18,9%, mais que o dobro da média nacional. Empregados com carteira assinada atingiram 11,2%. Trabalhadores por conta própria registraram 5,1% de filiação, e os sem carteira de trabalho assinada, 3,8%.
Gênero
A composição por sexo entre sindicalizados tem se aproximado ao longo dos últimos 12 anos. Em 2012, 61,3% dos sindicalizados eram homens e 38,7% eram mulheres. Em 2024, a participação passou para 57,6% de homens e 42,4% de mulheres.
Quanto às taxas de associação, em 2012 os homens tinham 16,9% e as mulheres 14,9%. Em 2024, as taxas foram de 9,1% para homens e 8,7% para mulheres, reduzindo a diferença entre os sexos de 2 pontos percentuais para 0,4 ponto. Em 2022, a taxa feminina (9,3%) chegou a superar a masculina (9,1%).
Cooperativismo
A Pnad aponta queda no número de empregadores e trabalhadores por conta própria associados a cooperativas. Em 2012 eram 1,5 milhão (6,3% dos ocupados). Em 2024 esse contingente foi estimado em 1,3 milhão, equivalente a 4,3% dos trabalhadores, o menor nível da série histórica.




