A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) criou grupos de trabalho para acompanhar os egressos da política de ação afirmativa. A iniciativa faz parte do processo de avaliação das medidas implantadas pela instituição desde 2003, quando adotou cotas de forma pioneira no país.
O sociólogo Luiz Augusto Campos é um dos organizadores do livro Impacto das Cotas: Duas Décadas de Ação Afirmativa no Ensino Superior Brasileiro, que reúne um balanço sobre a política e identifica desafios, entre eles a permanência dos estudantes nas instituições.
A política de ingresso da Uerj combina autodeclaração racial (pretos e pardos) com critério socioeconômico. O limite atual para participação nas ações afirmativas é de até R$ 2.277 de renda bruta por pessoa na família. Esse patamar tem sido apontado em debates como baixo, especialmente no que se refere ao acesso à pós-graduação.
No fim de novembro, durante o mês da Consciência Negra, ex-alunos cotistas da Uerj reuniram-se para discutir trajetórias acadêmicas e profissionais. A reunião integra o conjunto de iniciativas que acompanham os efeitos das políticas de cotas ao longo do tempo.
Levantamento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apresenta dados sobre a presença de negros, pardos e indígenas na pós-graduação no país. Segundo o estudo, pessoas pretas representam 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores; pardos correspondem a 16,7% dos mestres e 14,9% dos doutores. Indígenas somam 0,23% dos títulos de mestrado e 0,3% dos de doutorado. No período entre 1996 e 2021, 49,5% dos títulos de mestrado e 57,8% dos de doutorado foram obtidos por pessoas brancas.
A Lei 8.121/2018, que instituiu o programa de ações afirmativas na Uerj e definiu o corte socioeconômico, prevê revisão apenas em 2028. No debate público, há propostas para que universidades utilizem sua autonomia ao elaborar editais de ingresso e avaliem ajustes nos limites socioeconômicos das cotas.




